Entrega rápida ou sustentável: o que o consumidor realmente prefere?

A velocidade de entrega tornou-se num dos grandes trunfos do comércio eletrónico. No entanto, nos últimos anos, o tema da sustentabilidade logística ganhou força e começou a influenciar as decisões de compra. Afinal, o que o consumidor valoriza mais hoje — a entrega rápida ou a entrega sustentável?
Para as empresas de transporte e logística, compreender esta mudança de mentalidade é essencial para adaptar estratégias, otimizar operações e manter a competitividade num mercado cada vez mais exigente.

A ascensão da entrega imediata

O modelo “entrega no dia seguinte” — e até o “same-day delivery” — foi impulsionado pelo e-commerce e por gigantes como a Amazon. Em Portugal, cada vez mais consumidores esperam prazos curtos, visibilidade em real-time e tracking de encomendas.
Segundo um estudo da Deloitte de 2023 (Commerce & Last Mile 2023), “41% dos consumidores esperava receber a sua encomenda em 24 horas”. Este comportamento levou as empresas de transporte e logística a reforçar equipas, criar hubs urbanos e investir em tecnologia de roteirização e tracking.
No entanto, há um preço a pagar: custos operacionais mais elevados e maior impacto ambiental. A aceleração das entregas implica mais veículos na estrada, rotas menos eficientes e maior consumo energético — fatores que desafiam a sustentabilidade das operações.

O novo perfil do consumidor consciente

Nos últimos anos, surgiu uma tendência oposta: o consumidor consciente. Cada vez mais pessoas preocupam-se com o impacto ambiental das suas compras e estão dispostas a esperar um pouco mais, desde que a entrega seja mais ecológica.
O estudo “Home Delivery Sustainability” da SAPIO Research para a Descartes/SAPIO Research, indica que “38% dos entrevistados afirmaram que rapidez e impacto ambiental são igualmente importantes”.
Em Portugal, esta tendência é visível, sobretudo entre os consumidores jovens e urbanos, que valorizam práticas sustentáveis como:
• Utilização de veículos elétricos ou de baixo consumo.
• Entregas consolidadas (menos viagens por encomenda).
• Embalagens recicláveis ou reutilizáveis.
• Transparência nas emissões de carbono associadas ao transporte.
Esta mudança de comportamento está a forçar as empresas de transporte e logística a repensar processos, adotando modelos híbridos que conciliam rapidez e sustentabilidade.

O desafio das empresas logísticas: equilibrar velocidade e sustentabilidade

Para os operadores logísticos, o equilíbrio entre eficiência operacional e responsabilidade ambiental é o grande desafio.
Algumas estratégias podem ajudar a alcançar esse ponto de equilíbrio:

  1. Segmentar as opções de entrega
    Oferecer várias opções — “rápida”, “económica” e “sustentável” — permite que o cliente escolha de forma consciente. Assim, quem valoriza rapidez paga por ela, e quem prefere sustentabilidade opta por prazos mais longos e menos emissões.
  2. Otimização de rotas e cargas
    O uso de software de roteirização inteligente ajuda a reduzir quilómetros percorridos e consumo de combustível. O planeamento de cargas evita veículos a circular meio vazios, diminuindo custos e pegada carbónica.
  3. Centros de distribuição urbanos
    A criação de micro-hubs logísticos nas cidades portuguesas permite reduzir distâncias de entrega e utilizar meios mais leves, como bicicletas ou veículos elétricos.
  4. Gestão inteligente de stocks
    A proximidade entre armazéns e zonas de maior consumo permite agilizar entregas sem aumentar emissões. Um bom sistema WMS (Warehouse Management System) ajuda a prever procura e posicionar produtos estrategicamente.

Comunicação: o segredo para conquistar o cliente

Independentemente da estratégia adotada, a transparência é fundamental. As empresas devem comunicar claramente as suas opções de entrega, explicando o impacto ambiental de cada uma.
Por exemplo:
“Entrega rápida – até 24h (emissão estimada: X kg CO₂)”
“Entrega ecológica – até 72h (redução de 40% das emissões)”
Esta informação transforma o consumidor em parceiro de decisão, aumentando a sua perceção de valor e confiança na marca.

O futuro: logística verde e flexível

O futuro da logística em Portugal será híbrido: rápido quando necessário, sustentável sempre que possível. As empresas que conseguirem adaptar-se a esta dualidade terão vantagem competitiva. A aposta em frotas elétricas, eficiência energética, digitalização e análise preditiva permitirá reduzir custos e emissões, mantendo um serviço de excelência.
No fim, a resposta à pergunta inicial é clara: o consumidor quer escolher. Quer rapidez quando precisa — mas também quer saber que a empresa com quem compra está a fazer a sua parte pelo planeta.

Conclusão

A entrega rápida e a entrega sustentável deixaram de ser escolhas opostas. O mercado caminha para uma logística equilibrada, onde tecnologia, planeamento e responsabilidade ambiental coexistem.
As empresas de transporte e logística que se anteciparem, oferecendo flexibilidade e transparência, conquistarão não apenas clientes — mas também um lugar de destaque no futuro da logística.

Contacte-nos

Ligue-nos ou preencha o seguinte formulário para que possamos entrar em contato consigo. Procuraremos para responder a todas as perguntas dentro de 24 horas em dias úteis.