Entrevista de Nuno Rangel ao País Positivo
“APOL: A Logística num Mundo Globalizado”
Na edição de outubro do Caderno Editorial País Positivo, Nuno Rangel, na qualidade de Presidente da APOL – Associação Portuguesa de Operadores Logísticos, partilha a sua opinião sobre a atualidade do universo da logística no artigo “Apol: A Logística num Mundo Globalizado”.
Neste artigo, Nuno Rangel refere quais foram os grandes desafios para os operadores logísticos na retoma da atividade, quais as mudanças que surgiram com a pandemia que vieram para ficar, de que forma esta área irá incorporar questões como a sustentabilidade nas suas soluções de mobilidade e ainda a perspetiva do setor sob a inovação tecnológica e a transição digital.
Leia aqui na íntegra:
Quais são os grandes desafios para os operadores logísticos nesta fase de retoma de economia e abertura de mercado?
Esta nova realidade exigiu uma responsabilidade acrescida a todos os operadores e ficou claro a importância que a logística desempenha num mundo globalizado. A capacidade de adaptação e de colaboração são alguns dos fatores que poderão ser determinantes para o sucesso. São também um grande desafio. A Cadeia de Frio assumiu um lugar de destaque. O fim de 2020 foi marcado pelo início da distribuição de vacinas COVID-19 em diversos países, colocando a cadeia de frio no centro do contexto atual. O contínuo investimento na tecnologia continua um desafio. A tecnologia é transversal às grandes tendências do setor logístico. A utilização de drones, veículos autónomos e robótica, acompanhados pelas inovações trazidas pela Inteligência Artificial e pela Internet das Coisas, passam a integrar a linha da frente, capaz de solucionar obstáculos como os limites impostos pelo distanciamento físico. A Sustentabilidade é também uma prioridade aliada à inovação, tendo em vista a redução da pegada ambiental do setor logístico.
O que considera que mudou irreversivelmente com a pandemia?
A pandemia alterou as nossas vidas. Havia no passado um conceito de cadeias de abastecimento e logística o mais barato possível, agora vimos a importância de ter uma logística resiliente, flexível e próxima. As empresas têm que repensar os seus modelos de negócio, onde estão os seus fornecedores e clientes, e repensar a diversidade geográfica, para garantir que eventos regionais não tenham um impacto nos seus negócios. O comércio eletrónico cresceu mais do que nunca. Em termos de logística, muitas operações assentavam em sistemas de gestão de stocks obsoletos, não real time, operações sem qualquer integração com as transportadoras e sem qualquer processo consolidado de logística inversa. A experiência das empresas durante o confinamento, levou a testes fortes da sua eficácia no digital e possibilitou melhorias nos processos operacionais e no reforço das plataformas tecnológicas.
Tendo em conta as metas do governo português e EU face à sustentabilidade e ao ambiente, como esta área vai incorporar medidas nas suas soluções de mobilidade?
As empresas têm cada vez mais de se consciencializar desta realidade e incrementar a sua consciência ambiental. Realçamos a prevenção de incidentes ambientais através da sistematização preventiva e implementação das ações adequadas aos principais aspetos ambientais de cada processo operacional, das infraestruturas, dos equipamentos, das localizações das instalações. A APOL está consciente e preocupada, e neste sentido tem vindo a desenvolver com o IST um estudo de forma a definir um método standard de calculo da pegada de carbono para os operadores logísticos.
Como este setor inclui na sua atividade a inovação tecnológica e a transição digital?
A pandemia colocou na mesa temas como a continuidade do negócio e a ne-cessidade de nos mantermos competitivos por via do aumento da eficiência, logo a consciência que uma aposta ainda mais forte na digitalização é urgente. Estamos a ser desafiados para acomodar uma nova forma de pensar os negócios e a sua relação com os clientes, parceiros e a própria comunidade, por via da digitalização da economia e dos negócios. O principal desafio é a velocidade e a aceleração a que os problemas surgem e urgem as respostas. Isto obriga-nos a repensar as nossas arquiteturas e metodologias de trabalho, com vista à adaptação a esta nova velocidade. A adoção da cloud, como acelerador de soluções e a adoção de metodologias ágeis estão no centro desta nova forma de pensar os projetos e o desenho das soluções.