Made in China e Covid-19: novas alternativas ou reforço do pólo mundial?

Caixas de cartão com inscrição “made in China”

A etiqueta “Made in China” presente nas economias de todos os países do mundo foi colocada em causa com a eclosão da pandemia da Covid-19. O motivo do surgimento da pandemia ainda está a ser investigado, no entanto o local de origem é clara e reconhecido. Que impacto terá esta doença, que afetou as cadeias de abastecimento à escala global, na supremacia da China no cenário macro-económico dos próximos anos? Estamos perante um reforço deste pólo mundial ou a emergência de novas alternativas?

China é a primeira grande economia a recuperar economicamente  da Covid-19 

A economia chinesa cresceu 8,1% em 2021 e isso tornou-a na primeira das potências mundiais a recuperar do brutal impacto da pandemia ao longo de 2020. Isto explica-se, em parte, com a utilização de medidas de controlo da população, que em democracia seriam impossíveis de implementar. A rápida resposta à pandemia, numa primeira fase, permitiu aos exportadores voltarem a dar resposta à procura global, enquanto outros concorrentes internacionais enfrentavam novos surtos de coronavírus. Assim, as exportações do país recuperaram 29,9%, em 2021, face ao ano anterior, mesmo com a escassez global de semicondutores.

No entanto, o plano para os próximos cinco anos apresentado pelo Partido Comunista Chinês revela uma tentativa de diminuição da dependência das exportações. Por um lado, a China quer apostar no crescimento interno. Por outro, no panorama internacional, pretende apostar na inovação tecnológica e deixar de ser vista apenas como “a fábrica do mundo”, muitas vezes com uma conotação negativa. 

Esforço por diversificar e libertar as economias do “made in China” exclusivo impulsionado por EUA

A procura de alternativas ao “made in China” começou mesmo antes do surgimento da pandemia de Covid-19. A Guerra Comercial entre Estados Unidos e China, que iniciou em 2018 com a implementação mútua de impostos sobre importação, fez com que dezenas de empresas multinacionais procurassem alternativas noutros países orientais. No entanto, desde então outras variáveis entraram para a equação: além da pandemia, que teve origem na cidade chinesa de Wuhan, o plano Made In China 2025 e a crise de energia, que afeta o país desde o final de 2021.

As empresas europeias, particularmente as de bens de consumo, ainda são bastante dependentes da China para a obterem receitas, segundo dados divulgados pela Reuters, do ano de 2019. A China é o terceiro destino para as exportações da União Europeia (depois de Estados Unidos da América e Reino Unido).

Já UE é o primeiro destino das exportações chinesas. Mutuamente, empresas da China e da UE investiram desde 2000 mais de 100 mil milhões de euros. E, com base nestas dinâmicas, surgiu o Acordo abrangente sobre o Investimento UE – China cujo objetivo é facilitar e desenvolver o comércio e investimento entre as partes. Com a enorme exposição de empresas europeias na China, este acordo vem propor uma relação baseada em regras mais equitativas. 

Mundo multipolar à vista

Os Estados Unidos estão a apostar noutros países com economias de baixo custo no Sudeste Asiático. Devido à proximidade (da China) e aos laços existentes com infraestruturas da cadeia de abastecimento global, países como o Vietname, Tailândia, Indonésia ou Bangladesh, surgem como alternativas. No continente americano, o Brasil também emerge como possível nova referência industrial. 

Embora se possa prever que a médio prazo possa haver uma diversificação mundial de pólos industriais, este será um processo complexo. Ainda em 2018, a China era responsável por 28% da produção industrial global. Além disso, com as mudanças nos planos internos do país e o surgimento de acordos (como é o caso daquele com União Europeia), a China não deverá sair do grupo dos principais fornecedores das economias mundiais tão cedo. 

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Referências bibliográficas:
Nikkei Asia, China scrambles to stem manufacturing exodus as 50 companies leave, 2019. Acedido em 21 de janeiro de 2022. 
Supply Chain Dive, After years of ‘Made in China,’ supply chains consider alternatives 2022 Acedido em 21 de janeiro de 2022. 
DHL, GLOBAL SUPPLY CHAINS RETHINK RELIANCE ON CHINA, BUT WHAT ARE THE ALTERNATIVES?, 2020. Acedido em 21 de janeiro de 2022. 
Reuters Graphics, European companies’ exposure to China, 2019. Acedido em 24 de janeiro de 2022. 
Expresso, Economia chinesa cresce 8,1% em 2021, mas abranda no segundo semestre, 2022. Acedido em 24 de janeiro de 2022. 
TSF, China consegue aumentar as exportações em 30%, 2022. Acedido em 24 de janeiro de 2022.

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