Inflação: como gerir o impacto na logística em 4 passos

O conceito e todos os meandros da inflação tem estado na ordem do dia há vários meses. Para as empresas e especialmente para os operadores logísticos portugueses, esta realidade pode ditar mais um grande desafio. Há, no entanto, formas de gerir o impacto da subida generalizada dos preços, sem colocar em causa o normal funcionamento das operações. Conheça neste artigo as definições que ditam o novo cenário mundial e os 4 passos para o gerir da melhor forma. 

Um novo cenário marcado pela inflação

O cenário de subida da inflação começou a ser desenhado no decorrer do primeiro semestre de 2022. Há cerca de 30 anos que não se registava uma taxa de inflação tão elevada como a que foi atingida desde então. O valor mais alto terá sido atingido em outubro do ano passado, com uma variação homóloga do Índice de Preços no Consumidor em Portugal de 10,1%. Já na União Europeia, a taxa de inflação, atingiu em dezembro de 2022, os 10,4%.

Na raiz da questão esteve o choque energético vivido na Europa, ainda a recuperar do impacto da pandemia, causado pela invasão russa da Ucrânia no início de 2022. Em consequência, as perturbações causadas pelo conflito condicionaram fortemente o abastecimento de bens alimentares como soja, milho e trigo da Ucrânia para toda a Europa.

O novo ambiente inflacionário afetou rapidamente o cenário económico, social e político. E as previsões apontam para uma inflação entre os 5,7% e os 6,8% ao longo de 2023, na Zona Euro. 


Energia na origem da mudança 

A crise energética causada essencialmente por razões geopolíticas está na origem do novo ambiente inflacionário vivido na Europa. Este foi mesmo o setor onde o impacto da inflação foi maior, tendo registado uma taxa de 22,3% na Europa em setembro do ano passado. Desde então que se assiste a um autêntico efeito cascata nas economias globais e na sociedade. O consumo sofreu grandes oscilações e com isso, a flexibilidade da cadeia de abastecimento é colocada, mais uma vez, à prova. 

4 passos para gerir o impacto da inflação

Gestores de logística têm em mãos o grande desafio de gerir a crise inflacionista, mas é crucial saberem que o desafio deve ser enfrentado por todas as equipas e que a articulação é essencial. Apresentamos 4 orientações que podem facilitar a gestão da subida de preços e que devem ser tomadas como responsabilidade não só dos gestores, como de todos os colaboradores da empresa: 

  1. Visibilidade
    A visibilidade das operações é cada vez mais um fator diferenciador na sustentabilidade das empresas. Mais do que uma boa gestão de inventário, integrar ferramentas e softwares que permitem a leitura e interpretação de dados ao momento faz com que se consigam evitar mais facilmente situações de crise. Monitorizar de perto as várias etapas das operações, envolvendo os profissionais dedicados em cada uma delas é uma das principais ações para evitar um impacto negativo na inflação nas empresas de logística.
  2. Gestão eficaz de inventário
    A gestão eficaz e eficiente de inventário permite prever um problema antes mesmo que este se torne realidade. No entanto, esta pode ser uma tarefa complexa. Por exemplo, prazos de entrega mais longos dificultam a gestão de stocks futuros em relação à procura prevista – especialmente num ambiente económico radicalmente incerto. Mas empresas que consigam implementar softwares específicos e coordenar equipas podem aqui conquistar uma vantagem competitiva. Mais uma vez, a tecnologia assume uma importância crucial. Ferramentas de gestão como o WMS são exemplos de sucesso para a gestão de armazéns. Mas o fator diferenciador pode estar mesmo na coordenação de equipas. É necessário que encarregados de armazéns, responsáveis de contabilidade e de procurement estejam alinhados relativamente a necessidades de curto e médio prazo.
  3. Potenciar o poder dos dados
    O uso de dados para sustentar decisões estratégicas não é uma recomendação nova. Mas num ambiente de incerteza, é uma prática de extrema importância. 
  1. Explorar soluções de pagamento ajustadas 

O tema da inflação está estreitamente relacionado com questões financeiras e a sustentabilidade dos operadores. Uma transação mal gerida pode ditar grandes dificuldades na tesouraria da organização. Por isso, encontrar soluções de pagamento ajustadas para os diferentes fornecedores pode ajudar a contornar riscos. Soluções de pagamento antecipado, como sugere a Inbound Logistics, podem ser uma prática win-win para fornecedores e clientes. No entanto, estas práticas estão a ser cada vez mais coordenadas com princípios de ESG, de forma a mitigar situações de greenwashing.

A inflação figura um dos maiores desafios que a cadeia de abastecimento enfrenta. Os operadores procuram formas de mitigar o impacto desta subida abrupta de preços nas suas operações. Parte da solução, acreditamos, está na cooperação interempresas, que acontece em organismos como a APOL. Junte-se a nós como associado e beneficie deste potencial que une os operadores logísticos portugueses.  

Referências bibliográficas:
Mecalux, How inflation affects the supply chain, 2022. Acedido em 8 de Março de 2023. 
University of Cincinnati, How companies manage supply chains during inflation, 2022. Acedido em 8 de Março de 2023. 
Accenture, Inflation, disruption and supply chains: Decisions to make now, 2022. Acedido em 8 de Março de 2023. 
Maersk, Rising inflation and its impact in the world of logistics, 2022. Acedido em 9 de Março de 2023.
Inbound Logistics, 5 Ways Logistics Managers Can Battle Inflation in 2023, 2023. Acedido em 9 de Março de 2023.Rangel, Como gerir o impacto da subida da inflação na logística?, 2023. Acedido em 9 de Março de 2023.

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