Ainda não terminou e 2022 já é o pior ano dos últimos 500 anos, admitem os meteorologistas. As consequências, não podendo ainda ser medidas na sua totalidade, já afetam todos os setores da economia.
O setor logístico não é exceção. A seca severa afeta a logística em toda a Europa. A par com um cenário de guerra e as cicatrizes de uma pandemia, este é um ano que fica marcado por enormes desafios para os operadores.
Que impacto concreto tem tido a seca na operação logística e como minimizá-lo?
Efeito dominó por todo o mundo
Não é possível falar em seca severa na Europa e não referir outros fenómenos diretamente relacionados, que acontecem noutros pontos do planeta: tempestades tropicais no continente americano ou escalada de temperaturas em África. Qualquer destes fenómenos tem um efeito dominó económico e social não só nas regiões vizinhas, como no outro extremo do planeta. A logística é especialmente afetada uma vez que a cadeia de abastecimento pode percorrer vários países por todo o mundo, cruzar oceanos e navegar pelos principais rios – que agora estão no limite dos seus caudais.
O transporte, precisamente, é um dos verticais mais afetados. Durante os meses de verão houve vários relatos de rios, antes utilizados para travessias náuticas, ficarem em condições de navegabilidade. O rio Reno, na Alemanha, atingiu níveis tão baixos que os barcos foram obrigados a reduzir a carga até 75% e mesmo cancelar o transporte.
Em França, a empresa de energia Électricité de France (EDF) foi forçada a reduzir a produção de energia nuclear devido à escassez de água para arrefecer as usinas. Estas mesmas usinas nucleares produzem 70% da eletricidade da França – para mercado doméstico e empresarial.
Alterações climáticas vão exigir intervenções profundas
A Covid-19 foi a principal causa dos desafios na logística nos últimos dois anos. No entanto, paralelamente já se desenvolvia esta grande questão das alterações climáticas. “A pandemia é um problema temporário, enquanto a mudança climática é terrível a longo prazo”, alertou Austin Becker, investigador de resiliência de infraestrutura marítima, na Universidade de Rhode Island. “As alterações climáticas são uma crise lenta que vai durar muito, muito tempo, e vai exigir algumas mudanças fundamentais”, referiu também, num artigo da plataforma PreventionWeb.
A subida do nível da água do mar é talvez maior ameaça das alterações climáticas para a logística. Os portos marítimos são particularmente vulneráveis pelas inundações de infraestruturas. Existem algumas formas de lidar com a questão, mas todas com validade muito limitada:
- Deslocar infraestruturas para locais no interior com ligações fluviais aos oceanos. No entanto, os locais disponíveis com as condições necessárias são poucos e caros. Além disso, são também suscetíveis a reações extremas como a relatada neste verão de 2022, com a redução de caudais para níveis que comprometeram a navegabilidade.
- Construção de diques marítimos em torno dos portos marítimos. Mas estas estruturas deveriam ser continuamente elevadas, para acompanhar o aumento do nível da água e seria apenas uma questão de tempo até serem completamente ultrapassados.
A imprevisibilidade do aumento da água do mar é também um obstáculo para um plano rigoroso de adaptação a novas realidades.
Como minimizar o impacto da seca severa na logística?
O primeiro passo é um compromisso real e efetivo das empresas dos mais diversos setores. O Carbono Zero tem sido uma das formas de efetivar estes compromissos, nomeadamente na logística, com vista a resultados no médio e longo prazo.
De forma mais imediata, os operadores mais afetados pela seca severa, nomeadamente no que respeita à questão do transporte, podem procurar alternativas na ferrovia, por exemplo.
Ainda que já não seja possível impedir as repercussões das alterações climáticas no imediato, ainda há caminho a fazer que, numa perspetiva conjunta, pode levar a logística e outros setores a terrenos mais férteis a médio prazo.
Junte-se à Associação Portuguesa de Operadores Logísticos e prepara-se para desafios transversais, como o das alterações climáticas, da melhor forma. Torne–se associado!
Referências bibliográficas:
Supply Chain Magazine, Temperaturas elevadas e seca desafiam a logística na Europa , 2022 Acedido em 29 de Setembro de 2022.
The New York Times, Climate Change Could Worsen Supply Chain Turmoil, 2022 Acedido em 29 de Setembro de 2022.
Prevention Web, HOW CLIMATE CHANGE IS DISRUPTING THE GLOBAL SUPPLY CHAIN 2022 Acedido em 29 de Setembro de 2022. Maritime Gateway, Global Drought Hits Supply Chains 2022. Acedido em 29 de Setembro de 2022