Carbono Zero: quais os compromissos na logística?

Carbono Zero: quais os compromissos na logística?

O conceito Carbono Zero é cada vez mais sonante e mais desejado. No entanto, traduz-se num compromisso inalcançável. Os especialistas ambientais afirmam que Carbono Zero significa que determinado serviço ou produto foi realizado sem quaisquer emissões de carbono no processo, o que é, por maior que seja o esforço aplicado, impossível. O que este compromisso ambiciona refletir na realidade é a neutralidade carbónica, em que se procura um equilíbrio entre a emissão de gases com efeito de estufa e a sua captação da atmosfera. 

Em Portugal as emissões anuais deste tipo de gases ronda as 59 megatoneladas de CO2, muito longe, portanto, da neutralidade. Ainda assim, há uma série de orientações que pretendem que esta realidade seja controlada e revertida no curto prazo. No Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica 2050 assume-se o objetivo de reduzir os níveis de emissões atuais e aumentar os sumidouros de carbono nacionais até 2050. As áreas de intervenção identificadas abrangem, naturalmente, o setor empresarial e da logística em particular, através de alterações, por exemplo, ao nível dos transportes. 

Descubra neste artigo medidas que os operadores logísticos podem tomar no caminho da sustentabilidade, que empresas internacionais de referência estão a avançar com este tipo de compromissos e como facilitar a implementação dos mesmo. 

Carbono Zero: um compromisso concreto com a sustentabilidade

Ainda que, como vimos, a definição de neutralidade carbónica (referenciada como Carbono Zero) não se trate da anulação da emissão dos gases com efeito de estufa, implica um compromisso efetivo em reduzi-los. 

As organizações já não equacionam outro caminho senão o da sustentabilidade não a médio, mas a curto prazo. Seja pelo âmbito legislativo ou pelo alinhamento com a preferência dos consumidores, o compromisso com a sustentabilidade parece inevitável.

Importa, no entanto, que esta consciencialização seja cultivada de forma pró-ativa. Se é certo que com maior eficiência energética, o ambiente e as gerações futuras ganham, não é menos correto dizer que a implementação de estratégias amigas do ambiente beneficiam também as próprias empresas. Trata-se por isso de um investimento, não de um custo, cujo retorno pode ser visto mais rápido do que se pensa.
Internacionalmente, alguns dos grandes operadores estão a avançar com este tipo de compromisso.

A Maesk, por exemplo, anunciou que pretende antecipar em uma década o cumprimento da meta de zero emissões líquidas de gases com efeito de estufa para a atmosfera. Ou seja, a gigante está a prever atingir a neutralidade carbónica em 2040. Ainda foram avançados objetivos intermédios, para 2030, como a redução de 50% nas emissões por contentor e 70% nas emissões absolutas de terminais totalmente controlados pela empresa.

Estratégias que permitem uma logística mais verde

A sustentabilidade conquista-se por atitudes muito concretas no dia a dia das pessoas e das empresas, por isso, nada como elencar uma mão-cheia de mudanças ou implementações a fazer para caminhar em direção a uma logística mais verde: 

  1. Utilizar materiais eco-friendly: reciclados, recicláveis e, se possível, biodegradáveis. Sempre que não for possível, garantir que no fim de vida, são encaminhados para uma solução de reutilização ou reciclagem, dentro ou fora da organização; 
  2. Otimização no processo de armazenamento: pensar estrategicamente o espaço e a sua organização, através de lógicas concretas como FIFO (First In, First Out), LIFO (Last In, First Out) ou FEFO (First Expired, First Out), conforme as especificidades dos materiais; 
  3. Otimização de processos de picking and packing, de acordo com os transportes disponíveis; 
  4. Planeamento atempado das rotas, de forma a potenciá-las e ajustá-las a possíveis constrangimentos

Sustentabilidade de mão dada com a tecnologia

Entre as principais boas práticas que unem a logística à sustentabilidade, num compromisso de Carbono Zero ou outro, estão as implementações tecnológicas. Armazéns inteligentes são talvez a melhor referência, porque têm um impacto drástico na pegada ecológica dos operadores: desde a redução/ eliminação de papel à eficaz gestão de stocks, eliminando desperdícios.

Que tecnologia podem ser adotadas em Armazéns inteligentes? Sistemas de autoidentificação (RFID, por exemplo), robots que otimizam e automatizam as operações e espaços ou sistemas como voice picking, light picking e realidade aumentada. Estes mecanismos permitem um aumento de produtividade e consequentemente de sustentabilidade nas operações logísticas. 

O caminho para a sustentabilidade faz-se também através da partilha de informação e de experiências, que permitem aos operadores evoluir no sentido de uma logística verde. Junte-se às dezenas de operadores que fazem parte da APOL e beneficie desta partilha contínua. Torne-se associado.

Referências bibliográficas:
Florestas.pt, O que significa carbono zero e neutralidade carbónica?, 2021. Acedido em 21 de Abril de 2022. 
Descarbonizar2050, Roteiro,  2021. Acedido em 21 de Abril de 2022. 
Primavera, Logística verde, sustentabilidade na gestão logística, 2021. Acedido em 22 de Abril de 2022. Supply Chain Dive, Maersk pledges net-zero carbon emissions by 2040, 2022. Acedido a 22 de Abril de 2022.

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